domingo, 2 de janeiro de 2011

Pandemonium, Zeca Fonseca

Conheci a Bia Willcox por uma colega de faculdade que teve um conto publicado pela sua editora. Logo me informei sobre o caráter inovador e ousado da Faces. Percorrendo o mundo editorial Bia propõe transparência e coragem para desafiar e começar um novo tipo de gestão, segundo a própria: 'A engrenagem é muito cheia de vícios'.
Daí ela me apresentou o Pandemonium que li em apenas duas noites antes de dormir... apesar do título não tive pesadelos! Como uma super observadora e apaixonada por livros fui vendo logo toda a arte! A capa é bonita que só ela só, que livro! A escolha da foto, a qualidade das folhas, a fonte que enumera cada capítulo, cheguei até mesmo numa novidade: era a 1ª edição e o exemplar estava numerado! Achei bonitinho o carimbado... intrigada pensei no propósito daquilo. Retomando, aquilo ali protege e dá liberdade para que também o autor saiba para onde vai os seus livros. Maneiro, né? 
Quando voltei a falar com Bia ela surpreendeu-se com uma pessoa jovem vir a gostar do livro e eu me surpreendi com a surpresa! (Arff, que que é isso?) Confesso que o personagem principal me encantou, parece até um velho conhecido, diria um 'todo-errado', mas também de 'todo-certo' em suas críticas. Logo Bia vendo que eu gostei do livro propôs uma resenha literária.
Aqui na postagem vai na íntegra....
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Fonseca, Zeca. Pandemonium. Editora Faces, 2010. Niterói – RJ, 1ª Ed, 336 pp, 21 cm.
Quando vi o falo e a letra psi na capa do livro, simplesmente pensei: Nossa, que pu-ta-ri-a! Vou ler agora!
O falo é um símbolo falho de pênis ereto, enquanto o psi é a letra grega que simboliza a Psicologia. Desde a capa me chamou a atenção o fato do título carregar estes símbolos, também a foto de um sujeito aprisionado a uma máscara de ferro e os olhos de expressiva angústia me passaram certo incomodo desafiador em decifrar aquele alegórico Pandemonium.
O nosso anti-herói vive as mais diversas peripécias sexuais e caros leitores ponham a imaginação para funcionar! Não fossem as ressacas morais, o que só por isso o distanciam do Marquês de Sade, podemos ir além da imaginação! Lemok vive um grande amor platônico e no decorrer da narrativa entre crises existenciais há uma profunda subjetivação masculina. Nosso protagonista quer ser herói da estória, mas se depara com frustrações de uma seca realidade. Pandemonium se passa no Rio de Janeiro, década de 80. Uma elite decadente vive seus últimos dias de glória, equilibrando-se no que ainda podem parecer, no entanto já não o são mais. Há um universo de extravagâncias permitidas a uma luxuosa escoria, muito bem perfumada, a qual Lemok participa sem ali pertencer.
José Lemok é recém formado e começa a trabalhar em um jornal, onde sua primeira matéria é sua primeira desilusão. Descobre a negligência, a antiética e que o obrigar a dizer é mais sofisticado que o cala-boca-militar. Sua paixão não correspondida por Bel, uma colega de trabalho, desencadeia uma alegoria de demônios onde ele quase se afoga em seu ‘vômito ralo’. Entrega-se as drogas e seu comportamento sofre uma mudança drástica, ainda que um grosseirão a primeira pessoa na narrativa precisamente ágil e sagazmente irônica é encantadora. O absurdo ali tratado, ora grotesco discrepante, ora belo envolvente; embalado em ‘sexo, drogas e rock in Rio’ que Lemok põe para tocar, só faz parte deste show!
Não tem como esquivar-se. Linha por linha queremos acompanhar o carismático Lemok, cheio de defeitos, talvez até por isso seu primeiro nome seja José, um Zé, nosso companheiro de farras, abriu o caderno de confissões. O final tem gosto de quero-mais, mas fiquem tranquilos, Lemok continuará a partilhar sua estória entre nós em ‘O Adorador’, tão sagaz e mais voraz do que nunca!
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Ah! O Lemok é descendente de polonês, lembrou até um menino que eu sai... mó gatinho!rs rs rs! Só que ele não é grosseirão...
_ Zeca não venha descreve-lo fisicamente além do 'falo', por favor!?
Bateu até uma saudade...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Nove Noites, Bernardo Carvalho

Resolvi publicar uma dissertação que fiz para Teoria da Literatura III como exemplo para quem tem dificuldade ou medo da matéria. O professor deixou que cada um escolhesse livremente que obra trabalhar desde que a relacionasse com alguma parte da Arte Poética de Aristóteles. Acredito que a opção de livre escolha foi muito positiva. Apesar de fazer graduação em Inglês/Literaturas tenho minhas leituras aleatórias, não relacionadas ao curso!
Simplesmente me deparei com o Nove Noites escondido na Livraria da Travessa do Ouvidor, como o meu passatempo é ficar algumas horas em livrarias xeretando e namorando novos livros achei este muito interessante. Foi uma ótima leitura de fruição!

Aí vai:


Impressões sobre a realidade: o verossímil ou o necessário em Nove Noites

“Marca o começo da libertação de dois erros que muitas vezes têm estragado as
teorias estéticas: a tendência para confundir os juízos estéticos com os juízos morais e
a tendência para considerar a arte como simples reprodução ou fotografia da
realidade.” (ROSS sobre A Arte Poética, In: Aristote; trad. franc., p. 401)

Bernardo Carvalho começa Nove Noites pela voz do sertanejo Manoel Perna, portador da resposta para o mistério da morte de um jovem etnólogo americano no meio da selva brasileira. O romance mistura evidências históricas onde o escritor conecta a experiência de sua infância no Xingu à vida do Dr. Buell Quain. O último trabalho de Quain terminou em seu suicídio como consta nos documentos mal preservados no país. A narrativa intercalada entre Manoel Perna e o próprio escritor são o ponto alto na construção da trama. O primeiro narrador estaria mais próximo do Dr. Buell enquanto o segundo faz o trabalho de detetive procurando preencher as lacunas de uma investigação um tanto precária. A polêmica do episódio leva o leitor a crer na possibilidade de proteção à memória do falecido americano sob a máscara da ficção, porém, é o efeito estético que parece prevalecer no sucesso da obra.
Primeiramente, há uma constante justificativa do autor pela opção em escrever um romance ao invés de um livro de caráter histórico devido às conseqüências do último na realidade. No entanto, a opção pela ficção aborda o papel do autor não em relação a sua função pura e simplesmente de imitador e sim do efeito estético alcançado ao fazer esta simulação. O papel do ficcionista está no universal, portanto segundo a lição aristotélica: de caráter mais elevado, enquanto o historiador se reserva somente ao particular. Longe da concepção platônica, que separa a idéia dos objetos, para Aristóteles a idéia (eidos) é aliada ao indivíduo ou substância (ousia), em outras palavras, esta conexão dá vida ao personagem que então passa inspirar a confiança do interlocutor ao longo do texto.
O trabalho detalhado mostra sua riqueza num romance que muito deve a pesquisa do autor, o caráter mitológico dos índios deixa que fatos e ficção se confundam amarrados pela voz do sertanejo: um híbrido de índios e de homens brancos. O relato de Carvalho segue evidenciando a dificuldade de compreensão, pois há um juízo moralizante recorrente até mesmo a trabalhos de ficção: “As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não se sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: ‘O que você quer com o passado? ’. Repetia. E, diante da sua insistência, tive de me render à evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta. Não conseguia fazê-lo entender o que era ficção (no fundo, ele não estava interessado), nem convencêlo de que o meu interesse pelo passado não teria conseqüências reais, no final seria tudo inventado.” (CARVALHO, 2006, Companhia de bolso, p. 86).
O autor mostra que o leitor desavisado pode avaliar como bem entender o livro. Consciente disto: “Cada um lê os poemas como pode e neles entende o que quer, aplica o sentido dos versos à sua própria experiência acumulada até o momento em que os lê.” (CARVALHO, 2006, Companhia de bolso, p. 102). Todavia, ao optar por escrever um texto literário oscila entre o aspecto ontológico e o aspecto epistemológico do eidos. Aplicados ao eidos o texto e personagens tomam as atitudes inteligíveis para partir então do concreto ao abstrato de forma compreensível, mesmo que os fatos por si só (a forma bruta que os índios descreveram como o etnólogo se matou e suas cartas que descrevem acontecimentos que não checam com os documentos oficiais) passem por descrédito.
Partir para este gênero presta um serviço filosófico, diante de uma situação tão obscura é um recurso que propõe uma nova categoria de verdade. Ao menos uma “categoria de homens diz ou faz em tais circunstâncias, segundo o verossímil ou o necessário.”ARISTÓTELES, 2007, Martins Claret, p.43), logo, a personagem ganha por muitas vezes a empatia da audiência. Nove Noites não são simples imitações de ações ou o seu conjunto, pois excita o terror e por vezes a compaixão do espectador, segundo Aristóteles o que torna a obra mais bela. O final da narrativa não responde o mistério da morte de Quain, “... (e mais ainda) quando os fatos se desencadeiam contra nossa expectativa, pois desse modo provocam maior admiração do que sendo devidos ao acaso e à fortuna...” (ARISTÓTELES, 2007, Martins Claret, p. 45). Morre o antropólogo e seu segredo, a suposta carta (portadora da confidência de Quain) mencionada por Manoel, igualmente é esquecida com sua morte na selva.
Diante do exposto acima, concluo que o enredo de Nove Noites segue a idéia de tragédia aristotélica: seu final surpreendente ultrapassa as expectativas do leitor. Contudo, o autor passou credibilidade aos fatos tão conturbados para que ocorra a aceitação ou empatia por toda esta sucessão de eventos obedecendo exatamente “à condições de credibilidade; (isto é) deve ter certa verossimilhança”(ECO, 1991, Editora Perspectiva, p. 53) o que passa uma mensagem estética efetiva. Desta maneira, a opção pela ficção indica prevalecer sobre uma suposta proteção à memória da figura histórica de Buell Quain.

Referências bibliográficas:
ARISTÓTELES. Arte Poética, 2007, 1ª edição, Martins Claret. São Paulo – SP.
CARVALHO, Bernardo. Nove Noites, 2006, 1ª edição, Companhia de Bolso. São
Paulo- SP.
ECO, Umberto. A Estrutura Ausente, 1991, 7ª edição, Editora Perspectiva. São Paulo –
SP.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Trans Ducere

I just asked an Italian friend, what’s your Political Party orientation? Are you left of right wing?
We barely talk to each other properly since I can’t speak any Italian neither him any Portuguese. Yes, both are Neo Latin languages, I can’t count how many times Brazilian soap operas fake Italian accents, habits or whatever it seems close to an almost European background which is just a small percentage of our population. This small percentage is little peasants who came to work in our coffee plantations. Media tries to impose we are these white people, white as snow. Genuinely, we’re most African, Indigenous, Exiled Prisoners from Portugal, Exiled Prostitutes from Portugal, New Christians (Jews), a whole mixed pot but not ‘melting’.
Let’s come back to the point. Roberto just answered:
_ Sinistra!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Believe it or not with more bangs I wrote here. Now I’m just thinking of the word itself and the lexical affection it carries. I’d just say the basic wings of Political orientation in Portuguese: direita and esquerda, pretty close to English, right or left wing. What’s direita is right, but what it is not, not exactly wrong.
Then, I’m thinking of his answer again. Everytime you are different from the other it can be an amazing discover of yourself which captivates in you your own values or like in Maths... If we don’t learn by the example you learn it by the counterexample. There’s always an exception for the rules, which doesn’t mean it’s wrong.
I dare to translate it in an inapropriate way, we have many false cognates in Neo Latin languages. However, thinking of the false cognates for esquerda or left in Italian, there is a well thought purpose for this lexical choice. The sinister may awake the incredible but deepest innerself desires, it may be part of you. It may be something good, or some charmed evil. What’s unknown it’s just the discomfort for the arrogance of a drilled opinion position, we are fast-thinkers! Ready! Go! Now! Again! Again! Over n’ over, again!
I’m advising everyone to take care. Don’t take this way! You may find that everything you learn for life was just some sinister fairy tale. There are examples of how things went wrong and power corrupts people, since this, power should never be shared among or done by the people. You must find the one with the appropriate background, appropriate readings, appropriate mix of colour (of course, too pale is not fashion at all and too dark, too cheap), appropriate smile. Because any sinister way some countries  took they killed more people than lonely Natzi Germany. I’d like to have the statistics of murders which the motif were to get a wealthy reward insurance or to feed some sick addiction, a starving child.
You may find that this warmth thing going through your chest it’s not an abstract noun, but substantial part of you.  You may look for the next and fell something beyond any greediness, some faint love for the next. Love may be the most harmed word in translation, to lose it’s strentgh it was split up in many parts apart. I’d try to find it piece by piece briefly in this piece, which I hope should never end: solidarity, affection, hope, fraternity, friendship, sensuality, harmony, tolerance, communion, satisfaction, happiness.
And I hope people will defy this rule and be enough Romantic to name Love even more.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Decifra-me ou devoro-te!

Um dia um grande herói se depara com a famosa esfinge: decifra-me ou devoro-te! Assim dizia uma historinha que um dia ouvi. Mas porque então este ser o título do meu primeiro post? Bom, vou tentar fazer daqui um apanhado do olhar no dia-a-dia, sem compromisso com a verdade, não que o aqui tratado seja mentira! Será o que então?
Discutir no espaço cibernético um mundo talvez descrente ou uma crise de existência, grandes clashs metafísicos, que aí, quiçá, nem existem. Diante do outro lado da moeda, as rupturas de paradigma inquietantes nos abissais corações humanos ou desumanos da sociedade. Logo, a concatenação de vestígios dos que falam demais sem nada a dizer, já dizia Renato. Simplesmente poder expor o que por onde for despertará os desejos dos obstinados diletantes do sui generis... na oscilação do epistemológico que quando em completude recheia as pobres evidências deixadas.
Ora, sim senhoras e senhores! Ninguém é filha de Quimera, nem surpresa há na ingratidão de um tapa na pantera. Confabular em posts íntimos ou não, feijão com arroz de açafrão. Especular a apreciação de Villa-Lobos a Lady Gaga em plasticidade dos moldes os quais en passant circulam em conexões sinápticas e coronárias de seguidores das irremissíveis exigências do ajuste.
Ufa! Poderá ser um descontrole? Um medo inefável do desconhecimento do desajuste. Destrinchar, desconstruir, será nadar e morrer na praia? Entre o que estará por vir poderá ser mera coincidência a similitude em gênero, número, grau, RG, passaporte na certeza de morte e impostos ordinariamente quotidiana da vida. Descobrirá se há verdade de conjunturas sem olhos vazados prognóstico de tristes parcas são apenas chamegos utópicos nas vibes da matéria, no sim ou não, talvez do ser sem razão?
 E por hoje é só pessoal! ;)